Carros

A saga dos carros médios da Fiat chega ao fim

A história da Fiat no segmento de carros médios terá um ponto final com a descontinuação do Fiat Tipo. A Stellantis, grupo ao qual a marca italiana pertence, confirmou que a produção do modelo será encerrada em 2026, embora já estivesse prevista para o final deste ano, marcando o fim de uma linhagem que começou com o primeiro Tipo em 1988.

Desde então, a Fiat manteve consistentemente um modelo hatch médio em seu portfólio, com a sucessão do Tipo pelo Bravo/Brava (1995), Stilo (2001), e o retorno do Bravo (2007), até a chegada da geração atual do Tipo em 2014. A morte anunciada do Tipo encerra um ciclo histórico de modelos médios na gama da Fiat.

Design e carrocerias

O Fiat Tipo atual foi desenhado por Roberto Giolito no Centro Stile Fiat, na Itália. Visualmente, ele compartilha semelhanças com o Argo, lançado dois anos mais tarde no Brasil, em especial nos faróis espichados e na grade frontal. Em seus dez anos de vida, o Tipo passou por poucas alterações estéticas, limitadas, em grande parte, à mudança do para-choque frontal. O conceito inicial do modelo era atuar como uma alternativa mais acessível no segmento de médios, sendo maior e mais em conta que a concorrência, mas sem abrir mão de um certo requinte.

O Tipo foi oferecido em três tipos de carroceria: hatch, sedan e perua (Tipo SW). O sedan era vendido na Turquia como Egea e o Tipo SW representou o retorno da Fiat ao segmento de station wagons. O hatch substituiu indiretamente o Bravo, enquanto o sedan tomou o lugar do Linea. Por dentro, o modelo apresenta um visual simples e bem construído, utilizando o mesmo volante e painel de instrumentos dos primeiros Jeep Renegade, além da central multimídia flutuante vista no Argo e Cronos. O acabamento é feito em materiais plásticos rígidos, mas com uma boa montagem.

Plataforma e motorização

Construído sobre a plataforma Small Wide, o Fiat Tipo compartilha sua base com diversos modelos do grupo, incluindo Fiat Toro, Fiat 500X, Jeep Renegade, Jeep Compass, Jeep Commander e Ram Rampage.

Quando lançado, o Tipo foi oferecido com o motor 1.4 Fire de 95 cv e opções diesel 1.3 de 95 cv e 1.6 de 130 cv, ambos turbo. Inicialmente, o câmbio era exclusivamente manual de seis marchas, o que dificultou as vendas em um mercado que já demandava transmissões automáticas no segmento.

Em 2016, a gama de motores foi expandida com a chegada do 1.4 T-Jet de 120 cv, com câmbio manual, e o 1.6 E.TorQ, acoplado a um câmbio automático de seis marchas. Contudo, ambos foram descontinuados em 2020. Em 2021, o Tipo adotou o motor 1.0 turbo de três cilindros com 100 cv (menos potente que a versão brasileira) e câmbio manual de cinco marchas. Atualmente, a opção mais potente é o 1.5 Firefly aspirado de quatro cilindros, com sistema semi-híbrido de 48V e 130 cv, associado a um câmbio de dupla embreagem de sete marchas. O foco em baixo custo manteve o Tipo longe de motores mais potentes, como o 1.3 turbo, o 2.0 turbo ou até mesmo sistemas híbridos plug-in, apesar de sua plataforma ser compatível.

A aventura como Dodge Neon no México

Originalmente pensado para o mercado europeu, o Fiat Tipo foi transformado em um carro global. Além da Europa, passou a ser vendido na África do Sul. No México, ele ganhou uma roupagem diferente: entre 2017 e 2020, foi vendido como Dodge Neon, aproveitando a maior força da marca Dodge no país. Contudo, a estratégia de equipar o Neon com o motor 1.6 do Palio, que entregava 110 cv, em um mercado dominado por Honda Civic, Nissan Sentra e Toyota Corolla com motores 2.0, resultou em vendas muito fracas.

O futuro da Fiat e o legado do Tipo

Com o fim do Fiat Tipo, a marca italiana deixará de ter em seu catálogo um hatch médio, um sedan médio e, notavelmente, qualquer perua. O segmento de sedans da Fiat ainda sobrevive na América do Sul com o Cronos.

A Stellantis planeja preencher o espaço do Tipo com a segunda geração dos modelos Pulse e Fastback. Estes futuros SUVs e cupês SUV serão baseados no novo Uno / Grande Panda e serão as versões Fiat dos modelos Citroën Aircross e Basalt, com produção também prevista para o Brasil, seguindo a tendência global de priorizar os veículos utilitários esportivos (SUVs).

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